Sozinha no bar


  - Já amanheceu e o sol não tem perdoado esses dias, uma cerveja por favor. 
Enquanto a espera corrói a saliva que espera ansiosamente pelo levedo adocicado e ao mesmo tempo amargo, pensamentos inoportunos da traição que presenciou ainda pouco se concentram em uma única gota de lágrima que cai lentamente do seu olho castanho esquerdo.
Véspera de natal, poderia ser perdoado se fosse uma data qualquer, um dia qualquer, mas não nessa noite,
aquele corpo nu, branco e burgues , poderia ser qualquer uma, menos ela, aquela burguesa que se veste maravilhosamente bem,  que anda sempre com ar de imponência.
È inevitável se sentir inferior, tantas declarações, conversas sobre futuro, tantos deleites opulentos de amor, tanta dedicação sumindo entre as pernas daquela meretriz.
Enfim o copo turvo e mau lavado chega até a mesa com a garrafa, não dava pra esconder o tremor das mãos ao servir-se do liquido anestesiante, a cada trago a imagem repugnante do ato se refletia na memória como um cine-pensamento de horror, não demorou para a lágrima se multiplicar e inundar o rosto amanhecido e cansado, levantou-se, pagou a conta, seguiu em direção a sua casa, dentro do quarto então, se deitou na cama, e lá fingiu-se de morta, era como ela gostaria de estar, morta, fria, sem pulso.
Amanhã é outro dia não é?
Karla Christine Andrade Charone

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